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Câncer e glúten, qual a relação?

Atualizado: 7 de mai. de 2018


O que dizem os estudos sobre os distúrbios que o glúten pode causar no sistema imunológico


A doença crônica mais conhecida, evidenciada e aceita relacionada ao glúten é a doença celíaca, embora não seja a mais prevalente do ponto de vista epidemiológico, considerando os diversos mecanismos imunológicos pelos quais o glúten pode causar problemas na saúde. Existem vários mecanismos imunológicos e não imunológicos pelos quais o glúten pode desencadear distúrbios no organismo, causando sintomas clínicos em diversos sistemas, muitas vezes confundidos com outras causas, sendo, portanto, tratados de maneira incorreta, levando a desequilíbrios orgâncicos para o resto da vida.

O consumo de trigo por habitante é de aproximado 60 kg por ano, sendo que em alguns estados do Brasil o pão francês é mais consumido que o arroz. O aprimoramento genético aumentou, a partir da década de 1970, mais de 20 vezes a quantidade do glúten presente no trigo, além disso, a indústria ainda utiliza produtos concentrados em glúten para melhorarem as características de produtos de panificação.

Alguns estudos apontam que os opioides encontrados no glúten – A4, A5, B4, B5 e C – são encontrados repetidamente nas estruturas de uma única proteína. A exorfina do glúten, o A5, por exemplo, ocorre em quinze lugares em uma só proteína glutenina. Embora as exorfinas sejam menos potentes (0,5 miligrama da mais ativa dessas exorfinas corresponde a cerca de 1 nanômetro de morfina) e variáveis quanto à sua força, quase não há dúvida de que a abundância desse suprimento ajudou a moldar a dieta ocidental.

Os opioides podem colaborar para o desenvolvimento de vários tipos de câncer. O sistema imunológico desenvolveu a capacidade de destruir células danificadas que devem ser cancerosas, mas as exorfinas interferem nesse mecanismo de defesa. As células exterminadoras naturais formam uma parte importante do sistema imunológico que pode agir para identificar e destruir células como cromossomos alterados – células que deve ser cancerosas, porém uma vez que o câncer se espalha essas células passam a perder sua importância.

Há duas maneiras pelos quais as exorfinas atuam para desregular as células exterminadoras naturais, primeiro elas podem agir diretamente sobre os receptores dos opioides, localizados nas células exterminadoras naturais, destruindo sua função protetora contra o câncer. E segundo, elas podem agir indiretamente, através da região do cérebro que controla a ativação das células exterminadoras naturais, o eixo hipotalâmico-hipofisário adrenal (HHA). As evidências sugerem que o glúten e suas frações interferem na função protetora do sistema imunológico dos dois modos.

O linfoma não-Hodgkin tem atraído mais atenção na doença celíaca. Relatos anteriores de um risco 10 vezes maior em pacientes com doença celíaca foram drasticamente reduzidos a riscos relativos entre dois e quatro, com um estudo relatando um risco de excesso absoluto de 40 por 100.000 pessoas / ano. O risco de linfoma não-Hodgkin de células T e células B está aumentado. O risco futuro de linfoma não-Hodgkin é dependente da cicatrização da mucosa. Dos cânceres gastrointestinais, o maior aumento relativo é o do adenocarcinoma de intestino delgado (razão de risco 31.0), embora o risco absoluto desse câncer raro seja baixo (10 casos em 28 882 pacientes) e o excesso absoluto de câncer gastrointestinal dois por 100 000 pessoas por ano. Pacientes com doença celíaca não parecem estar em risco aumentado de câncer de próstata e câncer de mama, que são comuns na população em geral.

Cabe cada vez mais aos profissionais da saúde se atualizarem sobre o assunto e proporcionar um melhor acompanhamento de pacientes com doença celíaca e/ou intolerância ao glúten não celíaca afim de colaborar no controle dos sintomas, redução da morbidade e melhoria da qualidade de vida.



Referência

CARREIRO, D. M. Glúten: toxidade, reações e sintomas. São Paulo: Editora Vida e Consciência, 2013.

BRALY, Dr, et al. O Perigo Do Glúten: Descubra como ele afeta a sua saúde e previna-se contra seus efeitos. São Paulo: Editora Alaúde, 2014.

ROSTAMI, K., ALDULAIMI, D. e ROSTAMI-NEJAD, M. (2015). Dieta sem glúten é uma cura não é um veneno! . Gastroenterologia e Hepatologia De Bed to Bench, v. 8, n. 2, p. 93-94, 2015.

LEBWOHL, B., LUDVIGSSON, J. F, & GREEN, P.H.R. Doença celíaca e sensibilidade ao glúten não celíaca. O BMJ, v. 351, 2015.

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