Enfrentamos a pior pandemia em mais de 100 anos! Segundo dados atualizados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até o dia 23 de abril, foram confirmados 2.647.512 casos de COVID-19 no mundo, com um total de 184.372 mortes, dados que preocupam e alertam para a importância da prevenção, considerada a única forma, atualmente, de evitar o agravamento da propagação deste vírus.
O problema do novo coronavírus é que nenhum ser humano possui anticorpos contra ele. Afinal, o sistema imunológico ainda não havia entrado em contato com ele. A maior parte das pessoas, ao serem infectadas, apresentaram a forma mais leve da doença, mas uma parcela da população desenvolve as consequências mais severas da COVID-19, que é a Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Além das estratégias de prevenção, como higienização de mãos, evitar aglomerações, deixar os ambientes bem arejados, entre outras, deve haver uma preocupação com o sistema imunológico e tudo aquilo que o impacta, como a alimentação. É de grande importância o cuidado com esse aspecto, principalmente quando se trata de pessoas com a condição celíaca.
Isso porque estudos científicos trazem que, quando a doença celíaca está ativa, pode tornar os celíacos mais susceptíveis a infecções por vírus, bactérias e entre outros micro-organismos oportunistas. Um estudo conduzido por Simons et al. (2017) avaliou que celíacos hospitalizados, ou seja, com a doença ativa, tinham um maior risco de serem infectados pelo Pneumococcal.
COVID-19 é um vírus novo e ainda não há nenhuma confirmação dessa relação, porém, com base nesses estudos com outros patógenos, há uma “preocupação teórica” para essa nova doença e a possibilidade de indivíduos com a condição celíaca desenvolver a forma mais severa.
Qual a relação entre a doença celíaca ativa e as infecções por patógenos?
Primeiramente, os sintomas e outras alterações associados à doença celíaca ativa, como vômito, falta de apetite, diarreia e anemia, além da redução das vilosidades intestinais (responsáveis pela absorção de nutrientes), aumentam o risco de desnutrição de micronutrientes, como zinco, ferro, vitaminas do complexo B, vitamina A e entre outros, que são essenciais para um adequado funcionamento do sistema imune, assim, permitindo que as células de defesa consigam combater de forma efetiva as infecções.
Além disso, existe a importante relação entre o intestino e a imunidade. Nesse órgão, encontra-se um sistema imune próprio, com diversas células de defesa e produção de substâncias que atuam na imunidade de todo o corpo. De forma resumida, quando há o consumo de uma dieta com glúten pelo paciente celíaco, até de forma indireta por contaminação cruzada, gera-se uma condição chamada de permeabilidade intestinal, além de uma alteração quali-quantitativa de micro-organismos presentes no intestino (que chamamos de disbiose). Assim, promove-se um processo inflamatório, que irá impactar no sistema imune e propiciar um risco aumentado para infecções.
Dessa forma, cuidar da alimentação, mantendo-a equilibrada e com alimentos de verdade, além de evitar ao máximo à exposição ao glúten, é de suma importância para manter sua imunidade fortalecida a fim de que as células imunológicas sejam capazes de funcionar de forma adequada, combatendo infecções. E, claro, não se esquecendo de realizar todas as orientações de prevenção recomendadas pela Organização Mundial da Saúde.
Referências
OMS, Organização Mundial da Saúde. Folha informativa – COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus). Disponível em: <https://www.paho.org/bra/>. Acesso em: 23 abr. 2020.
OMS, Organização Mundial da Saúde. Q&A on coronaviruses (COVID-19). Disponível em: < https://www.who.int/news-room/q-a-detail/q-a-coronaviruses/>. Acesso em: 23 abr. 2020.
SIMONS, M. et al. Celiac Disease and Increased Risk of Pneumococcal Infection: A Systematic Review and Meta-Analysis. American Journal of Medicine, v. 131, n. 1, p. 83-89, 2018.
LEONARD, M. M. et al. Celiac Disease and Nonceliac Gluten Sensitivity: A Review. JAMA, v. 318, n. 7, p. 647-656, 2017.
CENIT, M. C. et al. Intestinal Microbiota and Celiac Disease: Cause, Consequence or Co-Evolution? Nutrients, v. 7, n. 8, p. 6900-6923, 2015.
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